quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Agostiniano: homem de coração inquieto



“É um lei de justiça se retribuir o que se recebeu.
Como Deus nos deu o que somos,
devolvamos-lhe todo nosso ser”.
Santo Agostinho


Jovem vocacionado!
Nosso desejo é de lhe transmitir um pouco do que a vida do Agostiniano tem pra oferecer, se você tem um coração inquieto, e está em busca permanente da verdade, assim como um dia fez o jovem Agostinho. É esta umas das grandes características do Agostiniano, possuir um coração inquieto que busca incessantemente a Verdade. E qual seria esta Verdade? Para Agostinho encontrar a Verdade é encontrar a Deus que é a própria Verdade: “Eu te invoco, Deus Verdade, em quem, por quem e mediante quem é verdadeiro tudo o que é verdadeiro” (Solilóquios 1, 1, 3).
Somos Frades Agostinianos da Ordem de Santo Agostinho no Brasil. Atualmente estamos em processo de formação da Província Brasileira. Para tal está constituída a Federação dos Agostinianos do Brasil, que é formada por três circunscrições: O Vicariato do Santíssimo Nome de Jesus, o Vicariato de Castela e a Delegação de Malta.
Toda Ordem ou Congregação religiosa possui um carisma próprio, característico de sua espiritualidade, que expressa o seu modo de vida, especificando as qualidades peculiares do dom que permanece mediante uma unidade histórica vivida vocacionalmente, enriquecida e desenvolvida pela experiência de seus membros de acordo com os ensinamentos de seu fundador ou pai Espiritual. Deste modo, a comunidade está capacitada para viver fiel à própria espiritualidade, consentindo que outros possam ascender a viver a mesma vocação, enquanto o espírito garante sua genuína continuidade. No caso do carisma da Ordem de Santo Agostinho, a nossa herança vem do próprio Santo de Hipona, o qual não fundou a Ordem, mas que desenvolveu sua espiritualidade que se difundiu, fato a seus escritos e sua Regra de vida. Concretamente enquanto Instituição religiosa a Ordem de Santo Agostinho, foi fundada pela Santa Igreja em 1256 pelo Papa Alexandre IV. A Ordem nasceu tendo somente a Regra e só depois desenvolveu-se a partir desta, e das obras de Santo Agostinho, todo o pensamento e carisma agostiniano. “(...) a identidade agostiniana, na qual se unem e complementam a rica herança da espiritualidade de santo Agostinho e sua concepção da vida consagrada com as características próprias das ordens mendicantes (cf. Const. OSA, 7)”.
Assim podemos elencar os três grandes pilares do carisma Agostiniano: A Interioridade, a Comunhão de Vida e o Serviço à Igreja. Vamos saber mais sobre cada um deles.
A primeira atitude do agostiniano é a Interioridade, produto de seu espírito inquieto. A célebre frase de Agostinho nas Confissões revela esta inquietude: “(...) fizeste-nos Senhor para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (Conf. 1, 1, 1). A interioridade é um movimento para dentro de si mesmo, e dentro de si, encontrar o Cristo que habita em nossos corações. Requer um auto-conhecimento, uma experiência íntima que revela quem somos, Agostinho nos propõe a fazer um turismo interior: “os homens vão admirar os cumes dos montes, as ondas alterosas do mar, as largas correntes dos rios, a amplidão do oceano, as órbitas dos astros: e nem pensam em si mesmos” (Conf. 10, 8, 15). O Agostiniano inicia sua jornada para Deus porque desde o primeiro momento, Deus está no fundo do seu ser. “Santo Agostinho concebe a interioridade como plenitude de ser e de vida em que o conhecimento de si mesmo se abre ao conhecimento de Deus e inclui toda a riqueza do mundo criado. A partir dessa luz podemos pensar que aquele que possui vida interior é uma pessoa que se liberta para escutar e acolher melhor as vozes do ambiente em que vive. É pessoa que escuta todas as vozes e faz seus todos os sofrimentos dos outros para se abrir, dessa forma, ao mistério do divino” (Cad. Esp. Agost.. Interioridade. Vol 23. Fabra).
A segunda atitude prática do Agostiniano, e pode-se dizer que quase uma atitude existencial nele, é a procura permanente da companhia dos outros, isto é, a Comunhão de Vida. A vida comunitária é comum a toda instituição religiosa, mas para o Agostiniano tem um caráter fundamental, de sentido de vida, pois o próprio Agostinho tinha esse ideal, o da vida fraterna, a exemplo da Santíssima Trindade e dos primeiros cristãos, inspirado nos Atos dos Apóstolos 4: 32-35, “Em primeiro lugar – já que com este fim vos haveis congregado em comunidade – vivei unânimes em casa e tende uma só alma e um só coração orientados para Deus” (Regra, 1, 3). “Dessa maneira tua alma não é própria tua, e sim de todos os irmãos, cujas almas também são tuas; ou melhor as almas deles com as tuas não são várias almas, mas uma única alma, a única alma de Cristo (...)” (Carta 243, 4). O homem espiritualizado no carisma agostiniano é ligado por uma cordial e profunda amizade com cada um dos seus irmãos, vive um profundo sentido de presença, desfruta com a convivência fraterna, e ele mesmo é criador de comunidade, ainda com os que não são comunitários. Grande valor que constitui fundamento do nosso carisma é ainda a comunhão de bens: “E não possuais nada como próprio, mas tende tudo em comum (...)” (Regra, 1, 4).
E por fim, o terceiro pilar do carisma Agostiniano é o Serviço à Igreja. O Agostiniano é um contemplativo em missão, tendo em vista que nosso apostolado tem por objetivo alcançar a necessidade da Igreja onde ela precise. Ademais, o carisma agostiniano possui como características o equilíbrio entre o “ócio santo” da vida contemplativa com a vida comunitária e o serviço na ação pastoral e missionária. Enamorado da grande causa do reino, vive em comunhão com o seu povo; enculturado nos seus valores, religiosidade, sabedoria, anseios, sofrimentos e esperanças, descobrindo e dinamizando em cada pessoa, em cada grupo, seu particular processo de salvação, evangelizando-o e deixando-se evangelizar por ele. Conhece profundamente a realidade do mundo em que vive, julgando-a desde a própria opção cristã, e nela se insere para transformá-la com os valores do reino. É sensível e solidário especialmente com os pobres e os doentes, pois neles vê um privilegiado lugar teológico. Eleva suas preces para Deus, com seu testemunho e sua palavra, e transmite, constantemente, vida e esperança, ali onde os seres humanos vivem marcados pela marginalização, a pobreza, a opressão, a violência, a desesperança e a morte. Agostinho mesmo nos exorta: “Se tens ordenada a caridade, deve saber antepor o maior ao menor e deixar-te mover pela misericórdia, para que os pobres sejam evangelizados; para que não fiques à mercê das aves, por falta de seguidores, a copiosa messe do Senhor; para ter preparado o coração para seguir a vontade de Deus, tanto nas dores como nos favores que dispensa ao seu servo” (Carta 243, 12).
Portanto, jovem vocacionado, é este o nosso carisma, é essa a nossa espiritualidade agostiniana! Se você se identifica com nosso estilo de vida, como nosso jeito de expressar nossa vocação na Ordem de Santo Agostinho, é convidado a manter contato conosco e a experimentar mais de perto o chamado que Cristo Jesus nos faz: “Avancem para águas mais profundas e lancem as redes para a pesca (...) Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens (...) deixaram tudo e seguiram a Jesus” (Lucas 5: 4; 10-11).
Que o Deus do amor e da esperança fortaleça nossa fé nesta caminhada vocacional, Ele que se faz Caminho, Verdade e Vida, vida em nossas vidas. Santo Agostinho e Maria Santíssima, Mãe do Bom Conselho interceda por nós todos. Amém.


Frei Rogerio Santana, OSA.






domingo, 24 de janeiro de 2010

Noviciado Agostiniano 2010 na ARGENTINA

A Federação dos Agostinianos do Brasil em comunhão com o Vicariato da Argentina, decidiram por unificar os processos formativos do Noviciado e do Professório, sendo este no Brasil, com o curso de teologia, e àquele na Argentina, a fim de maior integração na Ordem além é claro do valioso intercâmbio cultural. Dia 23 de Janeiro de 2010 foi realizada a Celebração de Vestição, onde receberam o hábito religioso agostiniano os frades que compõe o Noviciado deste ano, sendo eles três brasileitos, Frei Willian, Frei José Henrique, e rei Mário Sergio, além de um Frei peruno, que ainda não sei o nome. Ainda na casa de formação da Argentina, em Buenos Aires, moram os postulantes, com seus devidos formadores. Frei Cristiano, OSA, também foi enviado para morar em Buenos Aires para colaborar na formação.

Aqui no Brasil, na casa do Professório Mãe do Bom Conselho em São Paulo-SP, residirão os professos advindos da Argentina, são eles, Frei Humberto, Frei Javier, Frei Ariel, Frei Gustavo, e Frei Lucas acompanhados por Frei José Guilhermo, OSA que será vice-mestre, além dos professos Frei Rogerio e Frei Rodrigo que já estão na casa. A casa do professério também acolhe os três aspirantes, Fernando, Robison e Pedro. Oficialmente retomam as atividades do Professério no Brasil no dia 31 de janeiro.
Abaixo você pode conferir algumas imagens da Vestição dos noviços em Buenos Aires.












Um abraço fraterno a todos. Frei Rogerio Santana, OSA.